Por meio desse projeto, damos às crianças diversas possibilidades de criar e ouvir histórias, resgatando contos e histórias antigas, que fazem parte de diversas culturas. Na literatura infantil, a criança também faz relações entre o que é real e o que é fictício, o que é passado, presente e futuro, por meio dessas histórias consegue ver diversas situações cotidianas e formas de lidar com as situações problemas e os sentimentos.
Na turma do elemento ar as crianças apreciam muito o momento de criar histórias, inventar e fantasiar possíveis situações no nosso cotidiano, misturando o que é real com o que não existe em tom de brincadeira e mistério. Qualquer situação pode ser um estopim para uma nova história, como outro dia em nossa sala, quando estavam super concentrados desenhando na mesa e ouviram alguns estalos que a nossa sala de madeira faz, algumas crianças pararam na hora e perguntaram se os outros também ouviram, depois disso começaram a levantar diversas suposições do que poderia ter sido aquilo:
“Será que é a Cuca?” ou “Será que são fantasmas?” e algumas crianças afirmam com toda a certeza: “Claro que é a Cuca né, ela mora embaixo das nossas salas, ela deve estar preparando algo." e ficaram por um longo tempo discutindo e dando as suas opiniões.
Outro momento que marcou a turma foi quando descobriram que tem uma porta isolada na nossa sala e uma piscina desativada debaixo do deck, quando chegaram perto da porta ouviram barulho e logo deduziram que havia algo misterioso ali, e novamente começaram a levar muitas hipóteses:
”Imagina se tem um tesouro escondido atrás dessa porta e um pirata escondeu e selou a porta para ninguém encontrar?”, “Imagina se a porta dá acesso a uma escada tobogã que cai direto na piscina? Manu abre a porta pra gente ver.”,
aí outra criança responde:
“Mas vai que a porta está prendendo fantasmas e a gente abre e liberta eles?”
e começaram a questionar o que teria ali, saíram pela escola e começaram a perguntar aos adultos se eles sabiam de alguma coisa, perguntaram a Fabi, a Laís e ninguém sabia dizer o que tinha por detrás da porta misteriosa.
Até que resolvemos registrar e cada criança desenhou o que achava que tinha ali, e nessa hora a imaginação fluiu ainda mais e cada um inventou sua versão. Após essa proposta fechamos um livro e as crianças se divertiram muito com as ideias dos amigos, até que outro dia foram até a sala da turma do elemento fogo e descobriram que ali também tinha uma porta e que era a mesma da nossa sala e o segredo foi revelado. Durante as brincadeiras ao ar livre e dentro da sala, as crianças também criam muitas histórias e personagens.
No primeiro semestre as crianças brincavam muito de serem monstros, criavam cenários de casas mal assombradas e pediam para brincar de pega-pega, mas que eu tinha que ser um monstro querendo pegá-los, quando eu os pegava, eles também viravam monstros e me ajudavam a pegar os demais. Foram muitos dias nesse movimento e na sala inventam muitas histórias, foi quando comecei a registrar as histórias que eles contavam, cada criança inventou sua história assustadora desenhando e depois me contou o que havia feito.
Dessa proposta também saiu um #livrocoletivo, algumas crianças davam primeiro o nome a história depois a contava, mesmo não tendo relação entre o nome e a história, outras deram só um título e achavam que estava bom assim e outras contaram detalhadamente fazendo mais de uma ilustração para sua história assustadora, as histórias foram transcritas por mim da maneira mais fiel possível.
Em outros momentos de forma mais dirigida, também oferecemos às crianças o acesso a momentos de leitura e contações de histórias. Na nossa turma temos alguns momentos de ouvir uma parte de uma história na biblioteca, nesse semestre começamos a ler um livro de Monteiro Lobato, com as crianças, que conta as aventuras de Pedrinho, as crianças escolheram esse livro e estávamos lendo um capítulo por semana.
Para algumas crianças é um momento muito prazeroso, ouvem atentamente e comentam o que acham que vai acontecer, para outras ouvir a história é mais difícil, dizem estar cansadas e perguntam quando vai acabar. Ainda estamos nesse processo, para que não seja árduo e que desenvolvam o prazer de ouvir histórias, de uma forma diferente onde a imaginação tem que estar mais ativa e também para não desfavorecer aqueles que já apreciam esse momento.
Para isso estamos introduzindo essa proposta aos poucos. Produzimos o nosso primeiro boneco de sabugo e estamos com projeto de construir a nossa Emília, as crianças gostam muito desse momento de produzir e poder ter de forma concreta o que só ouviram na história. Cada dia é um passo e no dia-a-dia aprendemos com as nossas vivências e experiências.
Com carinho
Professora Manoela
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